sábado, 5 de fevereiro de 2011

Conversas tardias


Consegui sobreviver à minha primeira semana de trabalho após o periodo da baixa. Mas não sei o que se passa que 1 mês e meio depois volto á empresa e todos precisam de mim, sinto-me sugada. É preciso contar o que se passou nas suas vidas durante a minha ausência, todos querem ser escutados, todos querem conselhos, todos querem atenção. Tenho chegado todos os dias mais tarde a casa ora porque é preciso ir tomar um café com esta ou aquela pessoa para puder desabafar cmg, parece que todos esperam a minha ajuda e eu acabei de voltar tenho que ir com calma. Ontém quando cheguei a casa a minha mãe resolvou ter uma daquelas conversas comigo... eu já cheia de sono depois de uma semana intensa e ela vem com esta conversa assim:
- Quais são os teus planos para amanhã? A tua prima Zé vem cá e vai aos fados com umas amigas e perguntou se nós também vamos com ela.
Bom, eu amanhã não tenho tempo o dia está todo tomado, vai tu com ela.
- Sem ti não vou.
Então não sei como vamos fazer porque tenho que me levantar cedo para ir á costa da caparica tratar do contrato de luz da madrinha. Depois faço a caminhada no paredão e vou passar por casa dos meus amigos que vivem em França para vêr o correio e se está tudo bem em casa deles. A seguir ao almoço vou ajudar a madrinha na casa dela, depois venho trocar de roupa para ir jantar ao restaurante indiano porque uma amiga quer falar comigo e nunca provou comida indiana e pensou que eu seria a pessoa indicada para ir com ela. Não lhe podia dizer que não. Depois saio de lá quase a correr para ir ao cinema vêr o cisne negro, que já comprei os bilhetes e prometi à madrinha que ia vêr esse filme com ela, se eu não for, ela não tem mais ninguém com quem ir.
- A minha mãe só me diz assim - muito bem, um dia inteiro para os outros e para ti o que sobra? e logo na semana em que voltas a trabalhar, se o psiquiatra soubesse disto dava-te baixa novamente. Não estás a ir depressa demais? E tu? E o teu descanso? Sofres de hiper sensibilidade emocional e não contente com isso ainda queres arranjar um esgotamento, porque tens que estar para toda a gente em todas as partes e a todo o momento. Ah já sei o que é, enquanto andavas entretida com as angustias que arranjavas com o teu sapatinho, só tentavas salvar meio mundo. Agora que não o podes ajudar a ele queres salvar o mundo inteiro! Quando é que isto vai acabar? Susana, a generosidade começa por casa, ou seja por nós. Se tu não cuidares de ti e te preservares não vais conseguir ajudar ninguém. Vai com calma sim?
E eu cheia de sono e a ouvir o sermão pensei que raio, porque é que as mães têm sempre razão? - Sim mãe eu vou dormir, amanhã é assim mas no domingo passo a ser um vegetal. Durmo até tarde, passeio com os cães e depois volto para casa e passo a tarde a ler e a vêr tv, já não estou para mais ninguém. Melhor assim?
- Menos mal diz a minha mãe. No meio disto tudo até os cães têm sorte em te ter como dona. Preocupa-me vivermos num mundo cheio de lama e tu seres uma lâmpada com tantas borboletas á volta da tua luz. Se não te protegeres um dia a lâmpada vai perder o brilho e acaba por se fundir. Vou estar de olho em ti, agora vai dormir...

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