domingo, 4 de julho de 2010

Os demonios e a concha


O ano passado quando estive de férias no México, participei num ritual de purificação chamado Tamazcal. Nesse ritual o objectivo é libertarmo-nos dos demónios e más energias que bloqueiam a nossa vida e nos aprisionam. Foi uma experiência unica, da qual me lembro muitas vezes, mas penso também que o feiticeiro orador não se lembrou de nos retirar aqueles demónios aos quais nós queremos estar aprisionados. Eu tenho dois que andam sempre comigo e que até ao tamazcal resistiram, um que me lembra a desilusão das amizades e outro o desgosto das relações amorosas. Ambos os demónios têm rostos que correspondem ás pessoas que foram causadoras dessas magoas mas que mesmo assim entendo que devem andar sempre junto a mim, mais não seja para me lembrar que elas foram a minha excepção. Aquilo que aconteceu e que elas provocaram foram actos isolados e hoje em dia não permito que mais ninguém tenha essa capacidade de causar danos em mim. Não quer dizer que me isole ou não dê oportunidades as novas pessoas que aparecem na minha vida, mas sempre com reticências e com os dois demónios ás costas. E o que acontece quando hoje em dia alguém me magoa? Simples, modo de piloto automatico, retiro-me para a minha concha acompanhada dos meus demonios e ficamos lá muito sossegadinhos. Eles a lembrarem-me o que já conteceu no passado e eu adormecida a deixar passar os acontecimentos lá fora. É o momento em que deixo de investir e de acreditar. Ás vezes há reviravoltas e quem fica do lado de fora da concha consegue com algum jeito que eu volte a sair dela, mas a maioria das vezes não são suficientemente inteligentes para perceber o que se passa e deixam que seja levada pelas marés e com isso perdem a concha para sempre... Eu e os meus demónios sabemos que tudo passa, as marés levam pessoas e trazem outras, e´a lei da vida.

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