Há um jardim no Vale das Furnas há mais de duzentos anos. Do
alto do Miradouro do Pico do Ferro percebe-se que não é propriamente um vale. É
uma cratera, com 7 quilómetros de diâmetro, última memória de um vulcão há
muito inativo.
Embora inicialmente ignorado pelos primeiros povoadores, o
Vale das Furnas começou a ser popular no final do séc. XVIII, devido ao
crescente interesse no uso de águas minerais para o tratamento de doenças como
o reumatismo e a obesidade. As Furnas possuíam centenas de pequenas nascentes e
cursos de água, todas com diferentes propriedades. O Parque Terra Nostra estava
no centro desta magnífica hidrópole.
Ora aqui estou eu a banhos na caldeira com água repleta de enxofre. Lembrando uns posts de há uns tempos atrás eu usava um champô da Ducray por causa da seborreia nervosa que tem enxofre na sua composição. Agora imaginem o regalo que foi para o meu couro cabeludo mergulhar nesta água! Por isso mesmo fui lá 3 vezes nos 5 dias que lá estive. Ora atentem ás suas características: O enxofre tem sido muito utilizado por dermatologistas porque possui propriedades de um antifúngico, antibacteriano e queratolítica, por isso tem sido usado para tratar distúrbios como acne
vulgar, rosácea, dermatite seborréica, caspa, pitiríase versicolor.
Posto isto os banhos na caldeira operaram maravilhas na minha seborreia nervosa.
No Parque Terra Nostra, podemos encontrar flora endémica dos
Açores, mas também inúmeras plantas nativas de países com climas completamente
distintos do existente nas Furnas.
Num
parque bicentenário, encontram-se, ao longo dos vários percursos possíveis,
plantas em fases de crescimento muito distintas.
Nas últimas duas décadas, o parque tem vindo a enriquecer,
ainda mais, o seu património botânico com a aquisição de novas espécies
vegetais. Esta constante preocupação em diversificar para enriquecer a flora
existente levou a que, atualmente, o parque possua grandes coleções e jardins
com plantas de importante valor histórico e cultural. Estas coleções e jardins
são, designadamente, a Coleção de Fetos (com cerca de 300 exemplares, de
diferentes espécies, variedades e cultivares), a Coleção de Cycadales (com 85
exemplares, de diferentes espécies e subespécies), a Coleção de Camélias (com
mais de 600 exemplares, de diferentes espécies e cultivares), o Jardim da Flora
Endémica e Nativa dos Açores (onde estão reunidos alguns exemplares das
principais plantas endémicas da ilha de São Miguel) e, por fim, o Jardim de
Vireyas – Rhododendrons da Malásia, com exemplares em tons branco, laranja,
rosa, salmão e vermelho.
E porque é que é tudo tão verde e fértil? Porque a humidade relativa do ar é elevada ao longo de todo o ano
atingindo valores que andam à volta dos 80 a 92%. Isto deve-se, sobretudo, ao
facto da freguesia encontrar-se a uma altitude considerável e ser muito rica em
vegetação.
A freguesia de Furnas usufrui assim de um micro-clima que,
associado a um solo com características vulcânicas e à existência de inúmeros
recursos hídricos, permite e potencia a adaptação de uma grande diversidade
vegetal.
É um daqueles locais que fica para sempre gravado na nossa memória, e no meu caso até tenho uma desculpa para lá voltar todos os anos - tratar a seborreia nervosa...
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