sexta-feira, 13 de julho de 2018

Maternidade

Isto resume aquilo que eu sinto na maioria dos dias...

Ah, mas não querias tanto ser mãe... de que te estás a queixar? Não estou. É simplesmente a constatação de um facto que uns dias aceito melhor, noutros luto com ele. Há dias em que tenho a tentação de ir simplesmente lavar os dentes e arrastar-me até à cama. Rotina de cremes? Maquilhagem pela manhã? Vitaminas tomadas a tempo e horas. Ter cabeça para escolher roupa, sapatos e mala, quando já vesti a criança minimamente coordenada naquela dia pelo menos 3 vezes? Ah e sair? Passear com o bebé? Monta carrinho, desmonta carrinho, coloca o ovo, tira do ovo, carrega a tralha dele para todo o lado... 23h e ver uma série com os dois olhos abertos? Ler 3 páginas de um livro descansada, sem ter que me levantar 8 vezes porque caiu a chucha, porque chamou, porque deixou cair o boneco, porque quer colo. E quando penso que vou fazer alguma coisa que gosto e depois não consigo, porque estou irritada que não consigo ter a casa limpa e arrumada como gosto? E a frustração dos sítios que não vi, as coisas que não experimentei, os convites que recusei porque não posso/quero deixar o João? Tudo verdade, tudo passageiro.
Em 99% das vezes continuo a fazer tudo igual, com esforço mas igual. Faço escolhas por prioridades. E no final do dia, os locais não desapareceram e o mundo continua no mesmo sítio para experimentar. A única coisa que passou foi tempo, foram horas passadas com um novo ser, que me trouxeram nova experiência e mudaram quem eu sou. Se escalar o Kilimanjaro me tornaria numa pessoa diferente? Provavelmente. Mas ser mãe também, e todos os momentos que passo com o meu filho também. A questão é saber viver o que tem que ser vivido no tempo certo. O Kilimanjaro não foge, já o tempo que não passei com o meu filho não se recupera.

3 comentários:

A TItica disse...

Isso é tão verdade é luto muito com isso, ontem fez 3 anos e o tempo passou ridiculamente a correr, não é mito é só por vezes mesmo angustiante!

aovirardaesquina disse...

São sinais dos nossos tempos. Não me lembro da minha mãe alguma vez se ter queixado de que não tinha tempo para fazer aquilo que gostava. Vivemos num mundo acelerado...

Cynthia disse...

Verdade... temos que viver com as escolhas que fazemos e aprender a gerir o tempo, que não é fácil nos dias que correm!