A maioria da pessoas diz que deixar de amar alguém é como deixar o vicio do tabaco, ou acontece de uma só vez, ou se tentamos aos poucos não conseguimos. Alguns dizem mesmo que essa desabituação lenta simplesmente não existe. Já eu não concordo nada com esse argumento. É tudo uma questão de nos sucedermos aos factos, antes que os factos se possam suceder a nós.
Se é verdade que não escolhemos quem amamos, a escolha de termos ou não uma relação com essa pessoa é sempre nossa. Esta situação de afastamento voluntário só acontece em casos graves, quando não somos correspondidos ou nos magoam. Decidir ter ou manter um relacionamento com alguém que nos mente e maltrata, é sempre uma escolha pessoal. Nunca fiz parte das mulheres que se tornam vitimas de um amor desequilibrado, desonesto e doentio. Sei, porque já o fiz, que deixar voluntariamente de amar alguém é possível. Começa por deixarmos de querer estar com aquela pessoa e do exercício mental de associar todas as mentiras e mágoas a cada mensagem que recebemos, a cada toque do telemóvel. É perfeitamente possível marcar uma data no calendário, como o fim desse amor e ir gerindo cada encontro cada toque, cada beijo, com a certeza de que aquela será a última vez. E depois não existem mais desculpas, fomos nós que o planeamos, fomos nós que assim quisemos e fomos nós a decidir onde e quando colocar o ponto final. Depois é deixar que o tempo se encarregue de esbater os contornos desse amor. O mesmo tempo que apaga o fulgor de uma paixão, também leva consigo todas as mágoas e desenganos. Fica apenas uma historia para recordar e uma lição para lembrar...