A mensagem que me estava destinada no livro A Marquesa de Alorna, mais não era do que um recordar algo que a minha mãe sempre frisou e no qual era mestra - Não revelar as suas emoções em público. Tal como o pai da Marquesa lhe dizia que era um sinal de fraqueza chorar um público ou exacerbar as suas emoções ao olhar alheio, também a minha mãe sempre me deu o exemplo de que as nossas emoções e sentimentos, ficam mais seguros dentro de nós do que expostos. E na maioria das situações tenho conseguido ser assim porque não reajo a determinados assuntos, embora tenha uma natureza muito emotiva. Ainda assim ao longo de 2013 tenho algumas (poucas) situações de descontrolo a lamentar. Terei que reforçar a minha atitude serena durante este ano. E depois de assimilar esta ideia, chega a ironia. Recebi ontem a minha avaliação anual, feita por alguém a quem reconheço justiça, com quem gostei muito de trabalhar e que me tece vários elogios (a meu ver verdadeiros), focando também o facto de ter uma atitude reservada e de exteriorizar pouco as minhas emoções no relacionamento com os meus colegas. Também isto é verdade, mas não por opção mas por falta dela. Não me encontro numa posição em que tenha que fazer um esforço para chegar ás pessoas e para me moldar ás circunstâncias. Se fosse necessário assim o faria, afinal sou formada em relações públicas e tenho um jeito natural para lidar com pessoas (bichos também). A questão é que realmente não altera o meu desempenho nem o meu ordenado ser mais "dada" ou mais próxima, pelo que não me apetece fazer o esforço. É muito dificil criar pontes com as pessoas com quem trabalho e encontrar terreno onde as firmar. Reparem que eu também tenho familia. Também faço amor com o meu companheiro e também temos discussões em casa. Meses há em que tenho mais dificuldades financeiras e até desarranjos intestinais. Ah... e todos os meses tenho o periodo e crises de tpm. Alturas em que não me apetece cozinhar, nem fazer compras ou correr para o ginásio. A questão resume-se a - tudo isto é verdade mas ninguém tem nada que ver com isso e não são assuntos que se partilhem quanto mais se discutam. É por isso que entendem que sou reservada, porque não falo sobre a minha vida, e até tenho um blog que é bem pessoal, mas também não coloco cada suspiro no facebook. Reservas á parte, tenho colegas que são meus amigos (poucos) com quem converso sobre viagens, livros, filmes, restaurantes, experiências, poesias, sensações e com esses não sou reservada. Quer dizer com os outros também não o sou por convicção... simplesmente não tenho assunto para eles.
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