quarta-feira, 27 de julho de 2011

Da curiosidade doentia

Vamos imaginar que tenho um namorado. Pode ser qualquer pessoa. Não tem que ser alguém que trabalhe cmg, ou que os outros conheçam. Podem conhecer se um dia for importante para mim que os meus amigos estejam com ele e saibam quem é. O que realmente importa é que eu esteja bem e feliz. Mas não saber quem é faz mal a muita gente. A gente que não interessa a ninguém. Não bastaria ficarem felizes por mim e ponto final? Mas descobrir quem poderá ser o meu namorado está a tornar-se algo doentio. Tenho os meus amigos todos os dias a dizerem que pessoa x ou y lhes foi perguntar se eles sabiam quem é, ou se é este ou aquele. Até já devem existir apostas. Em primeiro lugar que raio de ideia se lhes meteu na cabeça que tem que ser alguém com quem trabalho? Nos quase 4 anos em que estou naquela empresa, tive dois namorados e nenhum era meu colega. Porque é que agora haveria de ser? E depois, acham mesmo que os meus amigos iriam contar quem é? Eles próprios podem não saber e se sabem, por algum motivo é (provavelmente confiança neles), se não seriam apenas colegas. Mas aquelas alminhas pensam mesmo que alguém ia comentar a minha vida com elas?
O que me perturba é este interesse morbido pela vida dos outros! Alguém que tem programinhas combinados com os seus amigos, que tem planos, que tem sonhos, que faz coisas diferentes todos os dias, é porque foi essa a vida que escolheu para si. Realmente eu não me casei entre os 20 e os 30 anos como a maioria, não tenho a responsabilidade de criar um filho, posso fazer apenas aquilo que me apetece. Mas eu escolhi esta vida para mim, tal como elas escolheram a delas. Que culpa tenho eu que se sintam frustradas com as conversas de supermercado, os vizinhos e dizer mal da sogra? Foi a vida pela qual num dado momento optaram e cada um tem os seus horizontes. Agora não precisam de se alimentar da minha vida, para se sentirem vivas.

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