terça-feira, 10 de maio de 2011
As partidas do universo
Durante o workshop, fizemos um exercicio no qual todos os participantes tinham post-its em forma de coração ou amarelos e escreviam o que sentiam sobre nós e nos colavam no corpo. Guardei os meus e coloquei esses tesouros na porta do meu roupeiro, juntamente com alguns desenhos que fiz e um que me foi oferecido. Hoje acordei com uma enxaqueca brutal novamente. Normalmente assim que abrem as urgências na sap, ás 14h, vou logo lá para tomar uma injecção de nolotil para acabar com este sofrimento. Hoje acabei por ir só ás 16h, parecia que a minha cabeça explodia. Quando lá cheguei estava um menino chamado Daniel e que tem 7 anos a ser atendido porque num acidente de um vidro partido ficou com estilhaços no rosto e no braço. Os gritos eram terriveis, os pais muito novos, estavam mal dispostos com a situação, choravam, queriam ser fortes, mas era o filho deles que lhes pedia ajuda e não queria que lhe tocassem porque doia, mas eles sabiam que os vidros tinham que ser retirados. Não me vou alongar na história, mas falei com a mãe e acabei sentada frt ao Daniel juntamente com 2 médicos e 3 enfermeiros que o tentavam acalmar, segurar e tirar os vidros (como se fosse possivel fazer tudo ao mesmo tempo). Silêncio absuluto naquele gabinete, os pais pediram-me para os substituir lá dentro e eu sabia exactamente o que fazer. Falei calmamente com o Daniel que parou de chorar e disse-lhe que as sardas que tenho no meu rosto eram devidas a vidros que tive cravados na pele quando era da idade dele (mentira), mas o Daniel acreditou e até disse que gostava das minhas sardas e que sou bonita. Toquei no lado esquerdo do rosto do Daniel que não tinha nenhum vidro e perguntei se doia. Ele disse que não. Expliquei que ia ficar com umas sardas muito giras como eu quando fosse crescido e que as sardas são especiais, mais ninguém naquele gabinete tinha. Ele olhou com atenção para os outros rostos e ficou mais satisfeito por vêr que só eu tinha sardas. Depois disse - sabes do lado esquerdo não doi porque não tem vidros. O que acontece se tirarmos os vidros do lado direito? - O Daniel respondeu, deixa de doer...? - Boa é isso mesmo! Vamos tirar os vidros? E pedi luvas para mim e para ele e tirei o primeiro e não lhe fez doi doi. Ele tirou o 2º e não fez doi doi e a pouco e pouco médicos e enfermeiros tiravam vidros do rosto do daniel, eu e ele apenas do braço, e em 5 minutos os vidros desapareceram. O Daniel não chorou mais e até já sabe o que fazer quando outro menino se magoar. Eu sai, fui á consulta e deram-me a injecção, mas já não tinha enxaqueca.
Pedido - Será que da próxima vez que tenha que ir ajudar alguém me podes avisar sem ser com enxaquecas? É que passar o dia todo assim é um bocado chato. Já percebi qual é a minha missão, podes ser mais brando sempre que me envias para fazer aquilo que só eu posso fazer? Grata...
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário