Foi o primeiro livro que li deste autor e gostei bastante. Antes de escrever aqui a minha opinião sobre o livro fui espreitar algumas criticas literárias que na realidade me surpreenderam porque não abonam nada a favor do autor. Diziam que o livro tem um rol de personagens que são todos uns coitadinhos e que o formato é muito redutor. Além de que os personagens têm um final feliz sem fazerem muito por isso.
A mim pareceu-me estranha este tipo de criticas. O autor é muito sensivel e transparente na sua forma de escrever. Tal como não faz por camuflar ou justificar a maldicência porque muitos dos personagens passam também não vejo porque terá que encontrar uma forma de explicar porque é que eles merecem um final feliz. Se para se ser mau não é preciso encontrar explicação (e o que temos mais é gente má por este mundo fora), porque é que para ser bom e feliz temos que ter um pretexto?
Acho maravilhosa a forma como ele descreve estes personagens desfavorecidos usando os exactos termos que na gíria se dizem por ai. As mal amadas, as coitadinhas, os enjeitados, os maricas, tudo é chamado pelos nomes a que a maioria dos portugueses se refere quando fala de alguém assim. A força dessas palavras escritas é totalmente diferente do que quando ouvidas dezenas de vezes. Depois o formato livro de contos também ajuda muito á leitura. Eu diria que este é um autor, que se preocupa mais com os sentimentos do que com palavras bonitas. Talvez por isso alguns criticos literários não o entendam nem apreciem. Afinal, quem não tem bons sentimentos dentro de si, dificilmente pode apreciar o rico mundo interior dos outros.
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