segunda-feira, 11 de março de 2013

Apreciação - Livro Anna Karenina

Tenho seguido a sugestão do clube do livro que a pipoca mais doce criou no seu blog. Parece-me uma boa inciativa e sem ele, não teria já deitado os olhinhos ao Anna Karenina que estava há 6 anos na estante para ler e ao 1984 que era um daqueles livros que tinha sempre vontade de comprar, mas ficava para depois. Já li o Anna Karenina e já comecei o 1984 que a minha amiga Cátia me emprestou. Sou pouco materialita, mas a verdade é que gosto de possuir os livros que leio. Por uma razão prática, porque os marco e os sublinho a lápis para poder sempre copiar partes que me parecem interessantes, e quando eles são emprestados não vou escrevinhar no livro dos outros. Além de que posso gostar tanto dele que o vou querer reler passados uns anos. De qualquer forma estamos em crise e sempre fui a favor de emprestar livros (empresto a quem os devolve) e neste caso aproveitei este empréstimo da minha amiga.

Quanto aos timmings que dão de leitura... existem livros que se conseguem ler em 15 dias mesmo tendo 600 páginas e outros que tendo metade nem num mês lá vou.
O desafio para este livro de 700 páginas eram 30 dias e eu precisei de 40 dias para o terminar.

Vamos por partes - é a primeira vez que leio literatura russa e tenho que me familiarizar com o estilo. Depois não concebo estar a ler para nada aprender. Este livro teve passagens escritas em inglês e francês que embora tivesse tradução para mim não foi necessário, mas também tinha muitas palavras russas, e meus amigos eu não domino russo nem pouco mais ou menos. Quanto muito sei comprar chocolates no supermercado russo ao lado do trabalho e responder da quando a senhora me pergunta se o troco esta bem.
Palavras que aprendi e que me obrigaram a ir ao dicionário.

Versta - Medida itinerária russa equivalente a 1.067 metros.

Samovar - Utensílio russo de uso doméstico, pequena caldeira com tubo central no qual se deitam brasas. Serve para ferver a água destinada à preparação do chá e a outros usos.

Depois vem a parte em que é preciso estudar um bocadinho a biografia do autor. Saber onde nasceu, de que tipo de familia vem, a educação que teve, o ambiente politico da época e as guerras que se travavam. É preciso inserir a obra no contexto temporal em que foi escrito. Não sei porque é que isto parece estranho a muita gente. Eu aprendi a fazer este raciocinio na escola, na cadeira de português. Nem foi na faculdade que me ensinaram, portanto, porque não o fazem? Ah já sei a maioria lê as histórias dos vampiros e das virgens que se envolvem com os sadomasoquistas, pelo que não é necessário fazer um estudo para se perceber o contexto em que se insere, a bibliografia do autor é recente e pensando na população portuguesa o público alvo são mulheres de média escolaridade, entre os 30 e os 40 anos, casadas e já com filhos. São também as mesmas que vão fazer o picnic no Parque Eduardo VII para ouvir o Tony Carreira e dizer que aquele é que é um homem romântico... não o que têm lá em casa.

Quanto a apreciação do livro propriamente dita... depois de ler a biografia de Tolstoi, rapidamente se chega á conclusão que o personagem Levine tem 80% do adn do seu autor. Só isso explica que existam 2 histórias que ocorrem em paralelo a de Anna Karenina com Vronski e a de Levine com Kitty. Curiosamente aquela que dá o nome ao livro é a que menos importa a Tolstoi. O enredo de Anna desde o inicio que se pronuncia trágico. O Autor deu particular atenção à forma como o filho primogénito de Anna era educado, muito é semelhança da educação fria que Toltoi teve sempre acompanhado por perceptores. Talvez por isso tenha surgido a vontade de se alistar no exército durante a sua juventude e também dessa experiência vêm todos os pormenores para o personagem Vronski.
Enquanto fazia correr a trama entre o casal Anna e Vronski que para ele claramente são secundários, escreveu sobre quem ele é e sobre aquilo que o perturbou e interessou toda a vida. O drama existêncial, a crença em cristo, a moral e o meio rural. Para isso usou o personagem Levine.
Na verdade é um bom livro. Hoje os nossos escritores editam livros à velocidade a que uma galinha põe ovos, mas os livros de Tolstoi, (por exemplo o Guerra e Paz) levaram 7 anos a serem escritos. Tem mérito, tem um enredo cuidado, existem muitos pormenores históricos interessantes.
É um bom clássico e foi uma boa forma de me iniciar na literatura russa.


4 comentários:

Belle du Jour disse...

Um livro que desejo ler

Belle du Jour disse...

Um livro que desejo ler

Lady Lamp disse...

Depois de ter voltado a ler "A Insustentável Leveza do Ser" e de me ter apaixonado pelo livro, fiquei com imensa vontade de ler o Anna Karenina, mas ainda não tive coragem. Entretanto pego nele. :)*

aovirardaesquina disse...

É Só começar Belle du jour!

Menina Lamparina, eu também levei anos a conseguir ler a insustentavel leveza do ser, mas assim que peguei nele foi em dois tempos que o li. Sim, já tinha 29 anos quando consegui passar do primeiro capitulo desse livro...