domingo, 27 de dezembro de 2009

E por falar em perdão

Nesta quadra natalicia, muito se fala em perdão amor e amizade, mas ás vezes amar alguém e saber perdoar é também saber esquecer esse alguém.
Tive uma tia avó que foi educada num colegio interno de freiras carmelitas. Toda a sua formação de base foi religiosa, e ao longo da sua vida foi uma mulher generosa e de grande virtude. Já sendo adulta, um dia foi confessar-se e disse ao padre que estava magoada com uma das suas amigas. O padre respondeu-lhe que ela devia perdoar, e obteve como resposta - Mas eu já perdoei, só não esqueci. Claro que o padre lhe disse que se não esqueceu, enão não tinha perdoado. Quando era pequena e ela me contava esta historia ficava sempre a pensar no significado destas palavras. No meu percurso perdoei todos os que achei que estiveram menos bem comigo. E quando falo em perdão falo de assuntos graves (aqueles que realmente carecem de perdão), agora o que se verifica é que sempre que perdoei, esqueci. Mas não esqueci apenas o mal que foi feito, mas esqueci também a pessoa que o fez. Houve ocasiões em que tentaram retomar contacto e seguir desse ponto com uma amizade, mas eu nunca quis... não foi porque ainda estivesse magoada, mas simplesmente porque consegui perdoar, aquilo que me fizeram deixou de ser importante no meu mundo e com isso se perdeu a importância dessa pessoa também. Porque no meu mundo perdoar é assim... esquecer o bem e o mal, não ter saudades nem necessidade de afastamento. Simplesmente já passou.

Su

2 comentários:

xs disse...

Acho que nunca vou poder perdoar! A minha memória para algumas coisas é de elefante ;) mas hei-de lá chegar :)
Não podemos perdoar só um bocadinho e tentar aprender com o que não esquecemos?

aovirardaesquina disse...

O perdão é uma via de dois sentidos, ao perdoar os outros perdoamo-nos a nós próprios também. Não há meio perdão nem meio esquecimento, embora seja um processo quando se perdoa é de vez. Existem seres tão especiais que esquecem as coisas más, perdoam e seguem em frente! Eu tb ainda n cheguei lá... Neste momento não há ninguém para perdoar mas existem alguns (poucos) esquecidos para sempre.
Su