Era ainda uma criança quando a minha mãe me disse algo parecido, algo como -o único momento em que estamos verdadeiramente acompanhados é quando nascemos, porque a partir dai o percurso é feito sozinho e nem mesmo na altura da morte sabemos se vai lá estar alguém. Saber disto tão cedo fez com que consiga lidar bem com a solidão, a solidão verdadeira que existe em todas as coisas e na nossa vida também. Ás vezes encontramos companhia para o caminho. Não para todo o caminho, mas para alguns troços. Existem rectas interminaveis e que nos matam de tédio, e nessa altura sabe bem ter alguém para caminhar ao nosso lado. Também nos sentimos mais seguros quando a estrada só tem curvas e também temos companhia nessas alturas. Mas é bom não criar ilusões. Nós fazemos companhia uns aos outros quando precisamos, quando se torna útil, ou quando a solidão é realmente insuportavel. Mas ninguém está ali para fazer o caminho por nós. Ás vzs somos nós a bengala do outro numa subida ingreme. Talvez por pensar assim lido bem com todos os que entram e saiem da minha vida. Quando vão embora é porque já cumpriram a sua parte no acordo que deixaram escrito em relação a mim. Não tenho pena. Não sinto falta. Não me incomoda a ausência quando sei que ambas as partes cumpriram. Não me agarro demais aos outros porque sei que estou realmente sozinha e eles também, embora a maioria não viva com essa certeza. O pior é que essa ignorância não lhes traz paz de espirito, muito pelo contrario.
Pois eu costumo dizer que o mesmo vento que leva as pessoas embora da nossa vida é o mesmo vento que as traz de volta caso ainda tenham que aprender comigo, ou tenham que me ensinar algo. Isto é uma não preocupação e o caminho é para se fazer caminhando, umas vzs só outras bem acompanhado.
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