O desmame do Prozac correu bem, depois de 6 meses de tratamento. Sinto-me estável, embora sem o conforto que a medicação dá, tenho conseguido fazer uma vida bastante normal. Tenho tido uns dias agitados, mas com umas folgas dinâmicas. Ainda assim, não descanso o suficiente, além do trabalho que causa bastante stresse, continuo a ter 9 casas para gerir e estar atenta a impostos, diários da república, obras e um sem fim de problemas que ser senhorio acarreta. E depois de uma 6f de loucos, o final do dia foi optimo com um jantar na esplanada do restaurante espanhol Rubro no campo pequeno. A noite estava amena, com um calor suportavel, os ovos rotos deliciosos e a companhia era a melhor. Adoramos o concerto dos UB40 que foi de uma descontração e boa disposição totais. Mas e existe sempre um mas... no dia seguinte entre o não conseguir estacionar na arrábida, o vidro do carro ter avariado de novo, o calor estar insuportavel, o chegar à praia e a maré estar cheia e não conseguirmos passar, houve um ataque de pânico. O primeiro ao qual o meu fofinho assistiu. O não conseguir respirar, as tonturas, o sentir que estou a perder o controlo do meu corpo, que posso desmaiar ou morrer a qualquer momento, o coração descompassado, o querer sair dali rapidamente e não conseguir, foi um drama. Ele reagiu muito bem, sem saber bem o que se passava. Primeiro pensou que estava mal por causa do calor e deu-me água, molhou-me a cara e o pescoço e insistia muito para comer. Lá lhe expliquei o que se passava e ele levou o carro até Sesimbra, onde conseguimos fazer um bocadinho de praia e jantar junto ao mar. Claro que mesmo que a situação se resolva, no dia seguinte o nosso corpo entra em falência do esforço emocional e fisico em que estamos. O medo de voltar a acontecer tudo de novo é paralisante. Passamos a ter medo de estarmos sozinhos, de voltar a ter uma situação de pânico junto de desconhecidos e parece que temos o mundo virado ao contrario. Fiquei em casa recolhida, com o pai a tomar conta de mim. Sr Fofinho tinha sido tão compreenssivo com esta nova situação para ele que não lhe quis estragar o evento no qual ia participar no autodromo do Estoril. Ainda assim ir para a pista conduzir sabendo que eu estava em casa feita num oito não deve ter sido fácil.
Os ataques de pânico ou crises de ansiedade são comuns a muita gente, mas mal interpretados por quem não os vive e não sabe o que são ou porque acontecem. Embora ontem tenha levado um raspanete na praia, daqueles em que se diz, tens que ter calma e descontrair, e perceberes que nem tudo corre como tu queres e se vais ficar assim quando estás de folga ainda pior, hoje acho que ele percebeu melhor a gravidade da situação. Por isso além do post servir para agradecer a ajuda que me tem dado, serve também para explicar o que é esta condição (que é muito frequente e que quem sofre dela a esconde do mundo) e ajudar a compreender e lidar com a situação quando isto acontece.
Obrigada Fofinho, por saberes entender quando não estou bem e ajudar a melhorar.
Um ataque de pânico, também conhecido como crise de pânico ou crise de ansiedade, é um período de intenso medo ou desconforto, tipicamente abrupto. Os sintomas (variam de pessoa para pessoa e são no mínimo cinco para ser considerada uma crise) incluem tremores, calafrios, sensação de desespero, desrealização ou despersonalização, ondas de calor, dificuldade em respirar, palpitações do coração, náuseas e tontura. A desordem difere de outros tipos de ansiedade na medida em que o ataque de pânico acontece de forma súbita, parece não ter sido provocado e é geralmente incapacitante.
Na maioria das vezes, aqueles que têm um ataque de pânico provavelmente terão outros. Pessoas que têm ataques repetidamente ou possuem uma ansiedade severa de ter outro ataque ou possuem o chamado transtorno do pânico. Nesses casos, a pessoa passa também a ter fobia (reversível) dos lugares em que teve as crises.
Muitos dos que sofrem de ataques de pânico relatam medo da morte, um "estado de loucura" ou uma perda de controle das emoções e do comportamento. As experiências geralmente provocam uma forte urgência de escapar ou se ver distante do local onde o ataque começou (a reação de lutar ou fugir) e, quando associadas a dores no peito ou falta de ar, necessitam de tratamento médico de urgência (vale lembrar que não há registros de mortes causadas por ataques de pânico).
Cerca de dez por cento das pessoas saudáveis sofrem um ataque de pânico isolado por ano. Em condições de ansiedade crônica, um ataque de pânico pode levar a outro, levando a uma exaustão nervosa por um período de dias.