Sou monarquica, mas este não é um blog politico. É o meu blog, que muitos insistem em catalogar como diário ou roteiro ou outos nomes esquisitos que atribuem para poder colocar os blogs numa listagem de atribuição de prémios. Para mim é apenas a minha vida. As rotinas, as descobertas, os amores, as tristezas, os cozinhados, os passeios, os livros, as viagens, os poemas, os cremes, as cores, os bichos... e hoje a politica.
Então assim sou eu monarquica, descentente de uma familia portuguesa com origem na casa do Visconde da Asseca. A minha árvore genealógica também está relacionada com a monarquia Espanhola e Italiana, mas se tudo isto não fosse verdade, ainda assim eu seria monarquica. Filha de Mãe monarquica (fica hoje a lembrança do seu aniversário), sempre me foram transmitidos esses valores e na nossa sala existe e sempre existirá o último retrato da monarquica Portuguesa. Não levo nada em conta as conversas de sangue azul ou de superioridade sobre as outras pessoas. Não há titulo que nos dê semelhante coisa. Se queremos ser superiores como individuos, não é por um nome ou por uma linhagem que o conseguimos, mas por coragem, perseverança e muita generosidade. E nisso nascemos todos únicos especiais e "individuais" é aquilo que fazemos com a nossa vida que nos acrescenta valor.
Ainda assim e antes de ser monárquica sou uma cidadã. Pelo que exerço o meu direito de voto sempre! Mesmo nas eleições presidenciais vou à urna, coloco um risco ao longo da folha e escrevo monarquia.
Para mim, a democracia é isso mesmo, uma conjugação de direitos e deveres. Todos se podem manifestar, mas acredito que tem mais valor a indignação de quem se deu ao trabalho de sair de casa e ir à mesa de voto, mais que não seja para escreverem lá, que não gostam de nenhum deles, que não temos politicos que nos possam representar bem. Quando vejo estas manifestações questiono sempre quantas daquelas pessoas foram votar, seja de que maneira for, direita ou esquerda, nulo ou em branco. É que a abstenção é um território de ninguém onde não se consegue distinguir, quem não votou porque está descontente, de quem não votou porque não quer saber do assunto.
Gosto destes movimentos, admiro esta força de expressão, mas dava muito mais valor se o nosso país não tivesse um nivel de abstenção tão elevado.
E por falar da manifestação de ontém... foi diferente da de 15 de Setembro. Acho que corremos um grande risco em nos relacionarmos com movimentos do passado.
Não me parece adequado cantarem a Grandola Vila Morena nas circuntâncias que hoje vivemos. Já passaram mais de 30 anos sobre o 25 de Abril e naquele momento as pessoas lutavam pela liberdade de expressão e hoje nós lutamos pelo pão. A música devia ser outra, porque a fome também é outra. Se ainda assim não temos cérebros, capazes de encontrar hinos alternativos e ideias novas, então que usem as letras do Zeca Afonso, mas não a Grandola Vila Morena.
Aqui fica a minha sugestão, afinal é de pão que falamos não é?
No céu cinzento sob o astro mudo
Batendo as asas pela noite calada
Vêm em bandos com pés de veludo
Chupar o sangue fresco da manada
Se alguém se engana com seu ar sisudo
E lhes franqueia as portas à chegada
Eles comem tudo eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada [bis]
A toda a parte chegam os vampiros
Poisam nos prédios poisam nas calçadas
Trazem no ventre despojos antigos
Mas nada os prende às vidas acabadas
São os mordomos do universo todo
Senhores à força mandadores sem lei
Enchem as tulhas bebem vinho novo
Dançam a ronda no pinhal do rei
Eles comem tudo eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
No chão do medo tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos na noite abafada
Jazem nos fossos vítimas dum credo
E não se esgota o sangue da manada
Se alguém se engana com seu ar sisudo
E lhe franqueia as portas à chegada
Eles comem tudo eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
Eles comem tudo eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
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