Quando terminamos uma relação amorosa, existe sempre um periodo de tempo dedicado ao nojo. Durante esse tempo uma das reflexões que fazemos é entender o que é que faz parte apenas do nosso mundo e o que é que pertence ao mundo dos dois. E eu não sou daquelas que dizem que os homens são todos iguais, não, não são. Tal como as mulheres também não o são. Com pessoas diferentes amamos de forma diferente e criamos mundos diferentes. Onde é que eu quero chegar? Bom, o mês passado por uma questão de ordem administrativa tive que enviar um email ao meu primeiro namorado, mas os anos passaram e eu já não tinha a certeza do seu endereço de email. Lembrei-me de procurar no facebook e encontrei o que pretendia. Encontrei também outras coisas, tal como o facto de se ter casado o ano passado com a mulher com quem me traiu e por quem me deixou. Claro que fiquei cheia de curiosidade e fui dar uma vista de olhos nas fotos do facebook de ambos e qual não é o meu espanto quando vejo uma duplicação do meu mundo, da minha vida. Esse namorado detestava visitar monumentos e a muito custo o conseguia enfiar num museu. Enquanto eu visitava uma igreja ele esperava cá fora até terminar a visita... pois bem, a sua Lua de Mel foi passada no Egipto. Destino estranho para quem não gosta de história ou monumentos!
Adoro feiras e festas medievais e vou sempre que posso, quer seja com amigos familia ou namorado, é algo que faz parte do meu mundo, mas não fazia parte do mundo do meu ex. Onde é que encontro a mulher dele? Em Puebla de Senabria, um povoado espanhol que é uma referência para todos os que gostam de histórias medievais, fadas gnomos e duendes. Poderia continuar a dar exemplos até que me doam os dedos, mas não vale a pena alongar mais. No fundo percebi que ele pegou na vida que tinhamos criado, com todas as referências e os sitios que eu amava e os manteve, mudando só a mulher. Acho bizarro como é que alguém consegue ser feliz com uma nova pessoa em todos os sitios onde já foi feliz com outra. Ás vezes lá fica um local, um gosto ou uma rotina, mas não transportamos toda uma vivência a dois para uma nova relação.
Das duas relações mais marcantes guardei momentos, mas quase nenhuns locais ou rotinas. Sou boa nisto de criar novos mundos em comum. Tenho uma boa capacidade de adaptação, de me interessar por gente nova por gostos diferentes dos meus. Já numa terceira relação (relevante, pelo menos) dei por mim a pensar no mundo que eu e o fofinho já construimos juntos. De coisas que são só nossas e que nunca tive com mais ninguém, e já são muitas! As refeições em sitios exóticos, tentando provar o mais possivel comida de outros paises. As sangrias de vinho branco que ambos preferimos. A procura de locais com uma bela vista ao seu redor para namorar, normalmente com vista para o mar ou para o rio. A companhia para assistir a comédias romanticas no cinema, coisa que nunca acontecia com nenhum dos outros namorados. O gostar de andarmos "perdidos juntos" em viagens de carro quando tentamos descobrir novos locais, o nosso sentido de orientação é complementar. Conseguir fazer algum exercicio fisico juntos, seja a bicicleta as caminhadas ou correr (nos raros dias em que me disponho a isso). Tudo isto faz parte de um novo mundo que ambos criamos e que é diferente de tudo quanto eu já tive ou já fiz em outros relacionamentos e que é completamente impossivel fazer uma réplica desta vida com um outro alguém.
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