Uns têm um muro, eu tenho um blog. Já previa que esta noite acabaria por chegar, a noite em que o serão de trabalho ainda agora começou e isto faz-me lembrar os tempos de faculdade, aqueles em que os erros ainda eram os mesmos que hoje, mas ao menos o organismo não acusava o mesmo desgaste e pregava partidas como a enxaqueca que tenho.
Sim, já me arrependi do dia em que disse aos meus colegas que poderiam contar comigo caso não tivessem o número de pessoas suficientes para formarem um grupo de trabalho que permita apresentar propostas de mudanças estruturais na empresa. Sim, culpa minha que já sabia que me estava a meter na boca do lobo. É óbvio que para trabalho acrescido poucos voluntários houve, além do bom argumento que para as ideias que propus a melhor pessoa para as trabalhar era eu.
Depois do mal estar feito, com jeito ainda pudemos piorar a nossa situação tomando em mãos aquele projecto que faz toda a diferença, mas com o qual ninguém quer ficar. Falamos de um projecto que pede pesquisa, que pede elaboração, que pede horas de dedicação e que pode sempre fazer rolar a cabeça de quem o apresenta, porque mexer com o dinheiro dos outros é aquilo que de mais perigoso se pode fazer. Falo de uma alteração no modelo de avaliação de desempenho da empresa. Está feita a dois níveis, tanto com um projecto de avaliação ascendente em que avaliamos a hierarquia imediatamente superior a nós (esta é a parte em que me podem atirar pelas escadas e garanto que não será acidente de trabalho) e a de avaliação anual modelo 360 que inclui todos os funcionários e permite uma participação nos lucros anuais da empresa, estão a entender como vão ficar contentes com esta proposta...
E agora vem a parte em que desce em mim alguns dos tiques apenas linguisticos (pela graça do Senhor) do prof Marcelo.
Bom, então vamos lá ver... para elaborar este projecto que os meus pares muito elogiaram, foi preciso ler ainda que de forma transversal 5 teses de doutoramento focadas nas avaliações de desempenho. Porque uma coisa é apresentar uma proposta em que os argumentos possam ser refutados, outra é um projecto em que o fundamento pode ser posto em causa... na pratica isso é a morte do artista! A forma pode ser questionada, o conteúdo jamais!
Está feito e bem feito (penso eu de que) e apresentado hoje na reunião de trabalho, mesmo com uma enxaqueca debilitante. E o que se segue a apresentação de um trabalho bem feito? Mais trabalho pois está claro!
Ah Susana, nenhum de nós escreve como tu... precisamos de escrever a conclusão final do projecto e é necessário que alguém reveja e corrija todas as propostas em que os diferentes grupos trabalharam, e esse alguém és tu!
E aqui estou eu a limar as arestas dos outros e acreditem que não é por ser mais inteligente, aliás aparentemente sou bem mais burra já que fiquei com a maior parte do trabalho, é porque tudo quanto implique esforço e dedicação é melhor ser outro a fazer...
É como a velha conversa de que para se tirar um curso superior é preciso ser muito inteligente... nah nah nah. A tradução de um curso superior com sucesso é 1% inteligência 99% espirito de sacrificio e capacidade de trabalho. E não me venham com tretas que tenho mais capacidades do que os outros, que escrevo e falo melhor do que os outros. O que eles têm a mais que eu é preguiça, porque a escrever bem só se aprende escrevendo, e a falar bem, falando. Ao empurrar este projecto para mim, só perderam uma oportunidade de melhorar aquilo que já fazem bem.
E agora que já me lamentei até á medula, só me resta tomar mais dois migretil e colocar mãos á obra!
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