sexta-feira, 11 de novembro de 2011
Uma questão de comunidade
Eu não conheço a dona Manuela, nem ela me conhece a mim, contudo temos alguém em comum, a minha amiga C. A C no âmbito do projecto de estágio em que está integrada deve fazer algumas visitas domiciliarias aos idosos que permanecem em casa, pelos mais variados motivos avaliar as suas necessidades e prestar apoio psicologico. A primeira pessoa que a C conhceu nestas circunstâncias foi a Sra Manuela que, ao que lhe pareceu, teve uma vida cheia de emoções e experiências singulares e não é o tipo de pessoa que goste de centros de dia, com uma série de estranhos que não lhe dizem nada e com os quais ela não consegue conversar. Quando a C me contou isto acho que secretamente pensamos que talvez um dia sejamos como a Sra Manuela. É que nós não somos própriamente as criaturas mais fofinhas e afaveis que existem á face da terra. Não nos entretemos com qualquer coisinha a maioria das conversas acaba por nos entediar e procuramos a companhia de 2 ou 3 pessoas para conversar e pouco mais. Talvez daqui a 40 anos não seja assim, talvez nessa altura possamos fazer companhia uma a outra, talvez tenhamos netos e uma familia grande... não sabemos o que o futuro nos reserva mas ainda assim a história da Sra Manuela acabou por tocar no coraçãozinho da C e no meu por contágio. Isto para dizer o que? Que ter noção de comunidade e de ajudar o próximo muitas vzs passa por coisas tão simples como suprir a necessidade de ter um video em casa. Esta Sra tem imensas cassetes para ver e o video avariado. Acaba por ser uma forma de se entreter, para alguém que já não sai de casa desde Maio. Ora eu tinha um video em casa que não usava há uns 3 anos. Tinha, porque o dei á Sra Manuela. Hoje em dia já não faz sentido nesta geração manter videos em casa, quando vemos quase tudo online ou em dvd. Por isso esta foi uma atitude que não me custou nada e que tenho a certeza que vai fazer alguém feliz. Alguém que eu não conheço e provavelmente nem nunca vou conhecer, mas de quem pude saber um pouco da sua história e isso foi o bastante para dar. Dar, é um vicio tão grande como outro qualquer.
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