sábado, 13 de novembro de 2010
A visita do Passaro
Esta noite por volta das 3 da madrugada um pássaro veio visitar-me. Piou á minha janela até eu o fazer entrar e aninhar-se do frio que tinha. Sim, todos vós sabem que eu detesto bichos de penas, mas aquele era diferente, não no aspecto mas no frio que sentia. Não era o frio da noite nem a humidade que se sentia lá fora que lhe enregelava os ossos. Vinha de dentro esse frio e essa solidão e eu aninhei o pequeno nos meus lençois e deixei-o contar a sua história, até adormecer de novo.
Não me lembro se história começou por era uma vez, mas o que é certo é que aquele pássaro de penagem linda e exuberante se sentia muito só nessa noite. Em tempo teve um dono, tanto quanto percebi o mais extraordinario dos donos, o mais brilhante e eloquente de todos. O pássaro vivia feliz. Tinha uma gaiola de ouro e o dono sempre que possivel colocava alpista e água. Os pássaros são criaturas simples, (tanto quanto pude observar o que esta noite apareceu, pareceu-me que o espaço que ocupa o coração é maior que o do cérebro) pobre bicho... Não vai ser muito feliz, dizem que devemos ser recionais não é asim? Bom ainda assim o pássaro era feliz. O dono aparecia de vez em quando, conversava alguma coisa com ele (palavras que o pássaro retinha com muita atenção porque toda a verdade de uma vida podia estar em alguma daquelas frases), passava a mão pela sua cabeça dava um jeito ás plumas e dizia-lhe que era um pássaro lindo e que sentia sempre muito a sua falta. O pobre rejubilava de alegria quando ouvia o dono dizer isto. Nem ficava triste por ele não lhe dizer que era o pássaro mais bonito e espcial que alguma vez tiverá, que o amava e que não poderia viver sem ele. - Que querem que vos diga? - Era uma passaro simples, algumas migalhas bem jogadas e ele ficava de estomago cheio. Mas um dia o pássaro começou a reparar que todos os seus amigos saiam aos fds com os donos. Iam com eles nos ombros comprar o jornal o beber o café e até se comprimentavam uns aos outros. Se calhar não comiam a melhor alpista, suplementos para as penas? Nem vê-los, mas aos fds era certo que iam descobrir o mundo com os seus donos. Este pássaro que aqui entrou esta noite adorava a sua gaiola de ouro, estava seguro lá e ia tendo alimento e um bocadinho de conversa, mas e vêr o mundo com o dono? - Um dia quando o dono chegou a casa ganhou coragem e abordou, porque é que nós nunca saimos aos fds como os outros? Também quero, não gostas de mim? Não me queres mostrar? O dono não gostou muito da conversa mas n discutiu, disse-lhe simpesmente, então um dia saimos, se te faz feliz. Mas quando, quando perguntou o pássaro? - Humm, no próximo fds parace-te bem?
E o pássaro cantou as mais linda melodias toda a semana, saltou de poleiro em poleiro louco de alegria e quando alguém lhe perguntava, o porque de tanta euforia ele simplesmente piava, o meu dono gosta de mim e vamos sair no próximo fds, é certo ele prometeu e nunca falha!
Pobre pássaro... passaram 3 anos e ele dentro da gaiola á espera desse dia. Não resmungava muito sabia que ás vzs o dono desaparecia e isso ainda era um sofrimento maior. Mas um dia o pássaro ganhou coragem e berrou desalmadamente toda a noite a dizer que assim não podia ser. Não queria mais aquilo para si, gostava de ser como o pássaro da vizinha Graciete que passeava orgulhosamente no seu ombro todos os fds!
O dono não lhe achou graça, pensou este pássaro está louco se pensa que vou andar com ele por ai. Isto não passa de uma birra de um capricho. Vou deixar acalmar o bicho a ver se tira essa ideia da cabeça. 2 ou 3 semanas devem chegar para o acalmar, e o dono desapareceu. Colocou a gaiola na mesa da cozinha e nem luz, nem água nem alpista. Só mesmo o silêncio e a gaiola de ouro. O passáro ainda piou 2 ou 3 dias, mas ninguém o ouvia, o dono não vinha. Estava fraco, estava triste, sem saber o que fazer. Desiquilibrou-se e caiu do poleiro. Deixou-se ficar quieto no fundo da gaiola a tentar perceber se havia movimento lá fora, mas estava completamente só. Foi definhando dia a dia. Os amigos que passaram deram-lhe umas coisas para ele se animar e alimentar e ele meio tropego e só ainda numa patinha chamou o dono. Piou dois dias e ele veio. Olhou para o pássaro e pensou, isto acalmou o bicho, olha que manso... bom tem um ar estranho mas eu abro a janela e com um bocadinho de ar fresco e mais umas migalhas ele lá se recompõem. Mas o pássaro desta vez não piou nem cantou, chorou. Disse que se sentiu só e desesperado e que perdeu o rumo sem saber do dono. Bom o dono acabou por perceber que não tinha sido claramente a melhor opção, mas não lhe disse - Desculpa, nunca te quis magoar ou deixar só. Pensei que era uma boa solução mas enganei-me. Anda cá, vamos lamber juntos as feridas, porque eu te amo e és o passarinho mais importante para mim, ás vezes esqueço-me como és delicado e cais do ninho. Em vez disso a resposta foi - nunca pensei que o efeito fosse este, cais-te e é lamentavel, mas é de tua responsabilidade colocares-te direito e de novo no poleiro. Só tu podes cuidar de ti. Responsabilidade dos outros por te deixarem as escuras quando te deviam amar e abanarem a gaiola? É o que acontece em todos os lares todos os dias. Tu és um pássaro e nem especial és, és apenas único porque não há ninguém igual a ninguém. Agora recompõem-te e se precisares de alguma coisa diz, sim porque eu não te vou perguntar o que posso fazer por ti, afinal és só um pássaro.
E o pasarinho endireitou as patitas e subiu para o ninho. Ficou quieto e congeminou. Sou só um pássaro como os outros e tudo isto é normal e é a vida. Fazemos mal uns aos outros e nem desculpa ouvimos. Hunnnfff será que as grades da gaiola são de ferro ou de ouro? E será que elas estão mesmo lá? E se eu sair e voar sozinho? Afinal o meu dono nem vai dar conta se lá estou ou se preciso de algo, sou um pássaro como qualquer outro, não o mais bonito, não o mais amado, não o mais desejado. Um pássaro substituivel. Vou sair da gaiola porque percebi que ela não tem grades e vou buscar aquilo que preciso para me alimentar esta noite. Carinho compreensão, que me limpem as lágimas e me digam que tudo vai correr melhor, que me aninhem e me protejam no sono doce. Acho que foi por isso que o pássaro bateu á minha janela esta noite, ou então tudo não passou de um sonho...
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