sexta-feira, 10 de maio de 2019

Congelado ou embalado


A maioria dos blogs e instagrams que sigo sobre maternidade têm uma temática comum - o esgotamento. O burnout das mães passou a estar na moda, quase que dá tema de conversa para um programa de prós e contras. Parece que existe um contra ciclo baseado numa exigência e complicação das rotinas diárias quase assustadora. Na realidade naquilo que diz respeito ao regime alimentar da criança, ele deve ser o mais diversificado possível e o mais aproximado da alimentação praticada em casa. Em lado nenhum se viu que as crianças têm que comer ovos de galinhas sem calos, serem vegans, gluten free, e super biológicos (produtos que só usam estrume de pardalinho na sua produção). Ah e tem que cozinhar qualquer coisa fresca viçosa e instagramavel. Se conseguirem podem mostrar ao mundo como são uns pais super ecológicos, já a pensar no futuro dos tetranetos. Se não conseguirem também têm conteúdo para uns 20 posts, onde podem confirmar como estão exaustos, como a maternidade é difícil e todos os sacrifícios impensáveis que têm que ser feitos. Claro que em alternativa a isto, também existem os congelados. Maruca congelada com feijão verde e cenouras bebés. Tudo marca branca. Ah e sopa juliana já com couve cenoura e nabo cortados e embalados. Junta-se uma batata, uma pitada de sal (sim pode ser dos Himalaias ou qualquer outro regime montanhoso a vosso gosto) e um fio de azeite (filtrado, por filtrar, virgem, extra virgem ou o que tiverem na dispensa) e está feita a sopa! Que maravilha! Soubesse o mundo da existência dos congelados e a maternidade já não seria um drama..

2 comentários:

milena disse...

Mais uma vez, parabéns pelo seu sentido de humor.
Já não aguento as mãezinhas que desde o berço, transmitem às crianças, mentalidades gluten free, vegan, intolerância à lactose, com exclusão de alimentos, sem que se adivinhe qualquer problema de saúde, mas só porque sim, para serem modernas e instagramáveis (pensam elas).
Ainda não perceberam de que forma estão a condicionar e limitar o futuro dos filhos...
Nasci na geração de 60, o meu pai era médico e sempre fui habituada (bem como os meus irmãos) a comer de tudo, a ser exposta, quase desde o berço, a todo o tipo de comida.
Resultado: hoje, farto-me de viajar e a comida para mim nunca foi um problema (embora não aprecie alimentos crus, mais por questão de estética, de textura e de sabor). Alias, tenho uma relação bastante saudável com a comida, adoro cozinhar e adoro pratos sofisticados, portugueses ou não, de preferência de base mediterrânica, tailandesa e goesa (a minha ascendência).
Ainda bem que há pessoas da nova geração que pensam como eu.

Cynthia disse...

Eu prefiro usar coisas frescas, mas não vamos cair no exagero... :)