sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Dos números que assustam

A quantidade de pessoas que assistiu na noite de passagem de ano ao programa casa dos segredos é assustadora! Revela sim, o portugal que temos. Mas se antigamente me parecia que o tipo de público deste programa era maioritariamente mulheres que se encontravam numa faixa etária dos 40 anos para a frente, com muito pouca instrução e um nível cultural praticamente inexistente, agora o público é outro. Passamos de um grupo de curiosos que seguiam as primeiras séries para os frequentador assíduos que seguem inclusive os episódios num canal 24h e compram as revistas sensacionalistas sobre os concorrentes. Também há um maior número de homens que fica agarrado à tv e engane-se quem pensa que será nas zonas mais interiores e remotas do pais que mais gente assiste à casa dos segredos. Na realidade passando aquela primeira fase da curiosidade, a comum dona de casa de classe baixa e origens menos cosmopolitas volta a ver as suas novelas, sejam elas brasileiras ou portuguesas e quem resta é uma imensidão de gente que assiste a um reality show para fazer comparação com a sua própria vida, ou pior, poder viver alguma vida através do programa porque não encontra nenhum interesse na sua. É gente que não lê, que não se entusiasma por uma nova música, um filme que acabou de estrear no cinema ou aguarda com ansiedade por uma nova peça de teatro um novo concerto. Gente que não viaja nem dentro nem fora de si. Que não planeia um passeio ou uma actividade nova para fazer no fds. Que sai de casa directo para o trabalho, sem sequer pensar em mudar de percurso, em ficar até mais tarde para ir ver umas montras, as luzes de natal ou ir até ao ginásio fazer alguma actividade que o satisfaça. Ou pior... gente que nem sai para trabalhar, porque já não pode, não quer ou não tem emprego. Todo este novo Portugal sem ambições, sem amor próprio que lhes permita fazer alguma actividade menos frustrante que viver a vida dos outros através do ecran é cada vez maior e mais preocupante.


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