segunda-feira, 1 de abril de 2019

Sobre viver e saber viver

Sigo algumas figuras públicas e bloggers portuguesas que foram mães recentemente. Algumas estão de férias em Miami e deixam o bebé de 3 meses com o pai. Outras vão fazer trabalhos de 1 semana para Londres e a bebé fica com os avós. Há quem tenha uma criança com quase 2 anos e tenha marcado um retiro para Bali e à última hora a criança ficou doente e ela cancelou a viagem. Tudo isto é só informação- quase escrito sem pontuação, para não ser tendenciosa.
Eu fui operada há uma semana atrás e não me recusei ao desafio. O João ficou 1 semana entregue ao pai e à minha madrinha. Pensei que dois dias depois de ser operada podia regressar a casa, mas não foi assim. Tinha drenos nos braços que impossibilitavam que me mexesse. Tinha e tenho dores (muitas). Da contração que faço para não ter movimentos bruscos com os braços, estou cheia de dores nas costas. Não tenho posição para dormir, durante 5 noites acordava com o pijama sujo, as mangas de contenção ensopadas em sangue e muitas vezes os lençóis também. Só tiro os pontos daqui a 4 dias e isto pica a pele até ao desespero. Tem sido um inferno. Faria tudo de novo. Não me arrependo da decisão. Mas não foi algo voluntário no sentido de olhar para a agenda e pensar - a 25 de Março vou ser operada. Fui chamada para a cirurgia num hospital público, de acordo com a disponibilidade da médica, que foi muito clara quando disse que ou era operada naquela data, ou não tinha vaga para mim. e eu aceitei mesmo estando a passar por um inferno. Apesar de ter um bebé de 1 ano e meio que não percebe porque não o consigo tirar da cadeira da papa quando me pede. Ou da cama. O sacrifício também é dele, que passou uma tarde inteira na creche a chorar e a perguntar pela mãe. Mas a vida é feita de escolhas. Com sentido de responsabilidade e consciência. Não vivo para o meu filho, até sou daquelas que diz que os filhos são do mundo. Mas para serem úteis cá neste mundo têm que se sentir seguros, estimados, valorizados. Tudo isto de acordo com a educação dos pais, obviamente. Eu não estive 1 semana presente na vida do João e a vida continuou. A criança não vai ficar com mazelas psicológicas por isso. Ainda assim pensei - como é que quem não está cria um filho? Como é que alguém que está constantemente a trabalhar, a passear, a viver a sua vida educa um filho? Educa quem passa tempo e toma conta da criança. Por isso outros farão da criança aquilo que ela vai ser no futuro. E isso eu não quero para o João.


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