O Palácio Nacional de Queluz recebe, nos dias 8, 9, 10, 15, 16 e 17 de julho, na Sala do Trono, a peça de teatro “Palavra de Rainha”, uma adaptação livre da história de vida de D. Maria I, rainha de Portugal. O monólogo, da autoria de Sérgio Roveri, será interpretado pela aclamada atriz brasileira Lu Grimaldi.
Encenada por Mika Lins e promovida em parceria pela Turma do Bem e pela Parques de Sintra, “Palavra de Rainha” combina factos históricos e ficção para narrar a trajetória da primeira mulher a assumir o trono português. Conhecida em Portugal como “A Piedosa”, ou no Brasil como “A Louca”, a figura de D. Maria I permanece indissociável do Palácio Nacional de Queluz, espaço que habitou em permanência de 1794 até 1807, ano da partida da Família Real Portuguesa para o Brasil.
“Culta e muito religiosa, a rainha governou Portugal durante 15 anos com dedicação e prudência, tentando reverter alguns dos atos mais polémicos do reinado do pai (D. José) e do seu primeiro-ministro, Marquês de Pombal”, relata a diretora do Palácio Nacional de Queluz, Inês Ferro.
A vida privada da rainha, cujo bicentenário da morte se assinala este ano, foi no entanto marcada por uma sequência de eventos trágicos. À morte do marido, D. Pedro III, em 1786, seguem-se, dois anos depois, as mortes do príncipe herdeiro D. José, da filha Mariana Victória e do Arcebispo de Tessalónica, seu diretor espiritual. “São duros golpes para a mente frágil da rainha que é dada como incapaz em 1792”, refere Inês Ferro. Até à partida da família real para o Brasil, D. Maria viverá recolhida no Palácio de Queluz.
Sérgio Roveri, dramaturgo e autor da peça, destaca a riqueza desta personagem, “trágica” e “complexa”, que poderia ter sido criada “pela mente de um Shakespeare, de um Eurípides”. “D. Maria foi talhada pela vida, o que dá uma dimensão assustadoramente real às suas dores, aos seus dilemas e aos seus poucos e pequenos prazeres”, sublinha.
A rainha morreu no Rio de Janeiro aos 81 anos, a 20 de março de 1816. O seu corpo regressou a Portugal cinco anos depois, para ser sepultado na Basílica da Estrela. “Que «Palavra de Rainha» possa servir, ao menos, de um convidativo cartão-de-visita desta mulher com quem a história foi tão pouco generosa”, conclui Sérgio Roveri.
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